Quantas vezes você leu as
políticas de privacidade e termos de uso de sites e aplicativos? Se a sua
resposta não foi “todas as vezes”, saiba que a sua segurança digital pode estar
em risco. Com o avanço da tecnologia e a presença massiva da Internet no dia a
dia, alguns cuidados são essenciais para preservar a sua privacidade. Celulares
podem, sim, “escutar" o que você diz e saber como se proteger é
indispensável para manter uma relação saudável com a tecnologia.
Gustavo Artese, especialista
em direito da Tecnologia da Informação e sócio do escritório Viseu Advogados,
confirma que a conectividade pode, sim, ser um risco para a privacidade. Apesar
de todas as vantagens que a tecnologia pode trazer, você não precisa
necessariamente postar nas redes sociais para se expor. O fato de ter muitos
objetos e aparelhos conectados à internet dentro da sua casa já fazem isso por
você.
Este cenário é ligado ao
conceito de Internet das Coisas (IoT), que define a conectividade entre
objetos, pessoas e a internet. Softwares que coletem e transmitem dados, GPS,
bluetooth, reconhecimento facial, inteligência artificial: tudo isso forma uma
rede que entra na nossa vida de forma instintiva, mas que, sem os devidos
cuidados, pode se tornar perigosa.
Artese explica, por exemplo,
como apenas estar em um ambiente com vários dispositivos conectados à internet
já te conecta com o mundo. "Falando sob o aspecto da proteção de dados,
existe o potencial risco de qualquer pessoa ter sua privacidade afetada pela
IoT. Afinal, são computadores sob a forma de equipamentos domésticos, munidos
com sensores e coletando uma série de dados, como voz, biometria e dados de
consumo”, explica.
É como morar em uma casa de
vidro, onde qualquer pessoa do lado de fora pode observar o que você faz.
Apesar de parecer assustador, isso não significa que você deve excluir a
tecnologia da sua vida. Basta usá-la de forma consciente. Por exemplo, quando
falamos de reconhecimento facial.
Com a popularização dos
filtros engraçados para fotos nas redes sociais, não é impossível cogitar que
alguns aplicativos utilizem essa tecnologia para coletar informações. “Se a
pessoa não tem certeza se um determinado aplicativo consegue fazer isso,
sugerimos ler a política de privacidade e os termos de uso. Se estes não
estiverem claros quanto ao tema, não usar o aplicativo é a solução”, orienta o
especialista.
Outra polêmica envolvendo a
IoT é a teoria de que o nosso celular está "ouvindo" tudo o que nos
falamos. Como aquela vez que você falou com alguém sobre alguma marca específica
e, pouco depois, passou a receber anúncios online da mesma marca. “Tecnicamente
isso é possível e é provável que seja feito, até mesmo para fins de aperfeiçoamento
dos serviços baseados em assistentes eletrônicos. As empresas ainda estão
aprendendo a nos ouvir”, afirma Artese.
O advogado pondera que a
finalidade dessa “escuta" deve ser para melhorar um serviço já existente e
não para oferecer novos. Ser transparente quanto a isso é um dever das
empresas, assim como a tomada de medidas de segurança em relação a esse
processo. “Dados devem ser descartados tão logo tenham cumprido sua finalidade.
No mundo da computação, isso leva uma fração de segundo”, afirma.
Quem deve fiscalizar o
cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados é Autoridade Nacional de Proteção
de Dados. Mas, para quem quiser tomar suas próprias medidas de segurança,
Artese indica que uma alternativa para a prevenção é desligar o compartilhamento
de localização, Wi-Fi, Bluetooth, assinaturas e anúncios de celulares.
Outra forma de se proteger é
evitando links e aplicativos encaminhados por outras pessoas, mesmo que sejam
amigos e conhecidos. O ideal, segundo Artese, é buscar o site oficial da
empresa para confirmar as medidas de segurança dele. Sites com o ícone de
cadeado, por exemplo, são considerados mais seguros.
O especialista ressalta que
ler as políticas de privacidade e termos de uso de sites e aplicativos também é
essencial. Assim como conferir os links para confirmar sua autenticidade, uma
vez que sites piratas costumam usar fontes e ícones praticamente idênticos aos
oficiais. Outra alternativa é pesquisar melhor a reputação dessas plataformas
no Google e no Reclame Aqui.
Nas redes sociais, também é
preciso ter cuidado, principalmente ao compartilhar informações. “Não se deve
postar informações, fotos ou dados que possam, de qualquer forma, identificar
facilmente a pessoa. Por exemplo: endereços, números de telefone, RG,
passaporte, matrículas de instituições de ensino, e especificamente,
informações financeiras e relativas à saúde”, orienta Artese.
Fonte: TechTudo
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