Em tempos de desconfiança ao WhatsApp e ao Telegram, surgem buscas por um novo app de troca de mensagens. E um deles virou "queridinho" de procuradores da Lava Jato e políticos: o Signal, disponível em Android e iOS.
De acordo com o blog do UOL de
Tales Faria, há pouco mais de um mês, ao menos 15 procuradores brasileiros e
três deputados recorreram ao app --dez deles participaram da Lava Jato ou foram
citados nos vazamentos do site The Intercept recentemente.
A ferramenta não é tão
estranha assim: Edward Snowden, ex-analista de sistemas da CIA, já assumiu
publicamente que faz uso do Signal e considera o app como o "mais
seguro" entre os disponibilizados nas lojas virtuais de tecnologia.
Mas como ele funciona? O UOL
Tecnologia testou o app, que foi criado por um grupo de desenvolvedores de
software e é mantido por uma organização sem fins lucrativos.
Antes de começar, saiba que o
Signal tem código aberto, ou seja, permite que o sistema de segurança seja
testado por auditorias externas e independentes --algo elogiado por
especialistas. Além disto, é totalmente criptografado. E o melhor: gratuito!
Prazer, Signal!
De cara, logo após baixá-lo, o
aviso que chama atenção é: "Leve a privacidade consigo. Seja você em cada
mensagem". E parece que o Signal julga essa questão com bastante
seriedade, já que na primeira linha dos seus termos de serviço, o app diz ser
"projetado para nunca coletar ou armazenar informações confidenciais"
e garante que "suas mensagens não podem ser acessadas".
Bem, após isto, vêm os pedidos
de praxe: permissão para acessar contatos, mídia e afins. Depois, surge um
campo de preenchimento do número do telefone, para que o código seja enviado.
Tudo normal.
Aí, é pedido para que um nome
de usuário seja criado, com o aviso de segurança mais uma vez: "Os perfis
do Signal são criptografados de ponta a ponta, e o Signal jamais tem acesso a
estas informações".
O Signal permite também que
você o utilize como app padrão de SMS --mensagens enviadas com esta função, no
entanto, não são criptografadas.
A partir daí, é só clicar no
lápis (canto inferior direito) para ver quais dos seus contatos já instalaram a
ferramenta.
Chegou a hora de conversar!
O campo de mensagens é simples
e tem um formato bastante conhecido pelos brasileiros. Na barra de escrever, há
emojis, opção para mandar fotos e áudios e um botão azul. Nele, é possível
enviar arquivos que estão no seu celular, como imagens da galeria, áudios,
contatos e até GIFs. A localização também pode ser compartilhada com seu amigo.
Na parte de cima, ao lado do
nome do contato, há um icone de telefone com um cadeado. Mais uma vez, o
Signal, querendo mostrar que é seguro, indica que a ligação de voz é
criptografada. Por lá, aliás, também é possível acionar a câmera e fazer
ligações de vídeo.
Quer criar um grupo? É só ir
na tela inicial do app e clicar no lápis (no canto inferior). Aí, basta ir nos
três botões (canto superior à direita) e ir em "Novo Grupo". Agora, é
dar nome e acrescentar os amigos. Validando (clicar no campo superior à
esquerda), você já consegue enviar mensagens.
O padrão de mensagens é parecido
com o de rivais, com o texto, horário da mensagem e uma espécie de confirmação
de leitura (quando o "check" fica preto, significa que seu amigo leu
o que você escreveu). Não há opção para "responder" determinada
mensagem, função que é bem conhecida do WhatsApp.
Segurança, segurança e
segurança
Um recurso do app que chamou a
atenção foi o "mensagens efêmeras". Funciona assim: dentro de uma
conversa, você pode ativar a opção clicando nos três pontos (ao lado da ligação
telefônica). Aí, é só ir em "mensagens efêmeras" e definir o tempo de
duração dos textos --que vão de cinco segundos até uma semana. Depois deste
período, o conteúdo é apagado pelo próprio Signal.
Para desativar o
"timer", é só clicar no reloginho que ficará ao lado da ligação
telefônica assim que você ativá-lo. O "mensagens efêmeras" é
semelhante ao Telegram, mas no caso deste app, é necessário criar uma conversa
específica com a função.
Outro recurso do Signal está
no campo "reiniciar sessão segura", localizado dentro dos três pontos
da conversa (canto superior à direita). Lá, o app avisa que a função "pode
ajudar se você está tendo problemas de criptografia nesta conversa", e
completa dizendo que as mensagens serão mantidas. É, basicamente, uma espécie
de "renovação" da criptografia --ótimo para quem ainda ficou com medo
de vazamentos.
Ninguém vai saber nada sobre
mim?
Calma, não é exatamente assim.
Como sabemos, nada no mundo dos apps é 100% "livre". O Signal deixa
claro que a criptografia impede que ninguém, além de você e seus amigos, lerá
suas mensagens. Mas cita em seus termos de uso em quais situações pode
compartilhar alguns dados, como seus contatos e informações da conta. Aqui
está:
- Para atender a qualquer lei aplicável, regulamento, processo legal ou solicitação governamental aplicável.
- Para impor os Termos aplicáveis, incluindo a investigação de possíveis violações.
- Detectar, impedir ou solucionar problemas de fraude, segurança ou problemas técnicos.
- Proteger a propriedade ou segurança da Signal, nossos usuários ou o público conforme exigido ou permitido por lei.
É importante reforçar que,
apesar de toda a criptografia e recursos, não há garantias de que o Signal seja
100% à prova de vazamentos. Lembre-se que o WhatsApp e Telegram também são bem
protegidos, e os procuradores da Lava Jato tiveram suas conversas de Telegram
vazadas de alguma forma, seja por um interceptador externo, vazamento
deliberado ou brecha de privacidade dos envolvidos. Afinal, tecnologias são seguras
à medida que seus usuários também as usam de forma segura.
Privacidade
Para configurar itens de
privacidade no Signal, é só clicar no ícone da sua foto (ao lado esquerdo do
nome) e ir em "Privacidade". Lá, várias funções são permitidas, como
bloqueio de tela, confirmação de leitura e chamadas reencaminhadas (veja foto
abaixo).
Para ativar a função
escolhida, basta clicar no botão à direita --quando ele fica azul, está em
curso, já quando está cinza, está desabilitado.
E o backup, pode?
Depende do seu sistema
operacional. Se você usar o Signal em um Android, sim, é possível. Basta seguir
alguns passos, explicados pelo próprio suporte do app:
- Toque no ícone "Perfil" para acessar as configurações do Signal: foto do perfil > Chats e mídia > Backups de chats.
- Copie a senha de 30 dígitos da esquerda para a direita, de cima para baixo. Você precisará dela para restaurar a partir do backup salvo. Guarde-a em lugar seguro.
- Confirme que anotou a senha.
- Selecione "Ativar backups".
- Você pode verificar se o backup foi ou não concluído com êxito ao verificar a hora do último backup.
- É possível restaurar seu histórico de mensagens apenas em uma nova instalação do Signal.
Se o seu aparelho é iOS, no
entanto, o app diz que é impossível recuperar as mensagens. E para ambas as
plataformas, não há a opção de backup em nuvem, como ocorre no WhatsApp e no
Telegram.
Fonte: UOL Tecnologia
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