Começa nesta semana o saque de
até 500 reais de contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), medida
divulgada em julho pelo governo como forma de estimular o consumo e aquecer a
economia. Além de atrair a atenção dos cidadãos que terão direito aos recursos
do fundo, o tema é um imã para cibercriminosos. Desde o anúncio da
flexibilização das regras de saque, os golpes na internet relacionados ao
assunto cresceram vertiginosamente. E a tendência é de uma escalada ainda maior
nesse período de saques, analisam especialistas em cibersegurança.
De acordo com dados
disponibilizados a pedido de VEJA pela PSafe, startup especializada em
segurança na internet, de 24 de julho, quando o governo anunciou a medida, até
agora, foram 118 mil acessos e compartilhamentos de golpes que usam a temática
no Brasil. No ano, chega a 280 mil. Segundo Emilio Simoni, diretor do
Laboratório de Segurança Digital da companhia, esses números devem ser ainda
maiores, porque contabilizam apenas os clientes da empresa. Para ele, a
estratégia dos hackers é sempre montar golpes com temas que estão em alta. Todo
começo de ano, por exemplo, existe uma onda de ataques visando material
escolar.
Apenas em setembro, segundo a
companhia, foram criadas dezenove páginas falsas com a temática do FGTS, sendo
que sete delas estão ativas, ou seja, ainda podem fazer novas vítimas. De
acordo com Daniel Barbosa, pesquisador de segurança da informação da Eset,
esses números devem crescer nas próximas semanas. “Tivemos uma onda de fraudes
com FGTS quando anunciaram os saques, e agora é previsto que haja um novo
aumento”, diz ele.
Os recursos do fundo serão
depositados automaticamente na sexta-feira, 13, para os cotistas que nasceram
entre janeiro e abril e que possuem conta poupança na Caixa. Os correntistas do
banco com aniversário nesses meses também receberão adiantado, se tiverem
solicitado essa antecipação.
Como se proteger
Para não cair nos golpes do
FGTS, os especialistas aconselham a sempre desconfiar dos links recebidos.
“Desconfie de tudo que pareça muito bom ou fácil, como naqueles: ‘clique aqui,
passe duas informações e já terá o dinheiro sacado'”, diz Barbosa, da Eset. No
caso dos usuários de celulares, ele afirma que é necessário manter aplicativos
e sistemas operacionais atualizados, para evitar falhas de segurança. Também é
aconselhável que o usuário nunca passe suas informações oficiais sem ter
certeza da origem da página. Caso tenha dúvida da procedência do link, o ideal
é consultar a fonte oficial, nesse caso a Caixa. Outra dica é possuir um
mecanismo de segurança nos dispositivos.
Como funcionam os golpes
Os golpes têm formato
semelhante. O usuário recebe links, de pessoas próximas ou por SMS, que
redirecionam a uma plataforma que supostamente pertence a Caixa. Uma vez no
site, a vítima pode preencher seus dados pessoais — os mesmos que o banco
pediria, como CPF e cartão. Em muitos casos, o “saque” do fundo é condicionado
ao compartilhamento do endereço online com alguns amigos. Assim, são as
próprias vítimas que espalham o golpe.
Outra forma de atrair as
vítimas é com a criação de perfis falsos da Caixa nas redes sociais. Essas
contas divulgam os links maliciosos em posts que aparentam ser produzidos pelo
banco e, muitas vezes, também impulsionam-os via patrocínio pago. Segundo a
PSafe, existem 65 perfis deste tipo ativos no país relacionados ao FGTS. O
objetivo das campanhas é coletar dados que podem ser utilizados para novos
ciberataques ou vendidos na internet a outros hackers. Em golpes mais
elaborados, os criminosos também podem hackear a conta da vítima na Caixa. Eles
trocam a senha e retiram o dinheiro o disponível.
Fonte: Revista Veja
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